Belo faz 10 anos de carreira solo: ‘Tive medo de perder tudo, mas agora é só alegria’

O que você diria se um cantor no auge do seu sucesso fosse preso por associação ao tráfico de drogas? Diria que a carreira dele estava acabada? Que seria logo esquecido? Pois saiba que a história não termina bem assim para Marcelo Pires Vieira, mais conhecido como Belo. Ele, que em 2002 foi condenado a uma pena de oito anos de reclusão pelo crime, está completando 10 anos de carreira solo. Sempre no auge, com direito a estar entre os artistas mais tocados do país, lançar pelo menos um CD por ano - mesmo quando estava preso -, e até ganhar disco de ouro por um deles.

Depois de ter sua pena extinta, em março desse ano (Belo ainda precisaria cumprir 1 ano e três meses), ele agora quer correr atrás do tempo perdido e fazer o que não pôde nesses 10 anos, como uma turnê internacional e ter férias na Disney. Sobre o passado, Belo fala de forma resignada, mas promete passar tudo em pratos limpos com o lançamento de uma biografia, na qual vai dizer se foi ou não injustiçado.

“Tive medo de perder tudo, sim. Mas não foi o que aconteceu. Consegui superar e meus problemas serviram de alicerce para a carreira que tenho hoje. Mas não guardo mágoa de ninguém, agora é só alegria”, diz ele que também quer se casar com a noiva Gracyanne Barbosa até o fim do ano. Confira mais!




CD 'Desafio', primeiro da carreira solo, vendeu 1,6 milhão de cópias
EGO:Como pretende comemorar esses 10 anos de carreira solo?

BELO:Vou fazer a turnê “Dez Anos de Sucessos”, que já tem agenda fechada com apresentações por todas as capitais do país. Nela, canto músicas que fizeram sucesso durante toda a minha trajetória profissional e até músicas da época em que era do grupo Soweto. Além disso, em maio vou para a África me apresentar em Moçambique, Luanda e Cidade do Cabo. Em setembro, vou para a Europa e me apresento em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e França, num total de 18 shows. Depois, sigo para os Estados Unidos, onde faço Nova York, New Jersey e Miami. Daí, fico mais 15 dias em Orlando, de férias, em lua de mel com Gracyanne. Já tinha programado que, assim que resolvesse meu problema com a justiça, ia querer sair do país. É uma promessa que fiz para ela e algo de que preciso também.



Você iniciou sua carreira solo no auge do sucesso do grupo Soweto. Não teve medo que desse errado?
Foi uma coisa ousada. Na época, o Soweto vendia 3 milhões de cópias. É muito fácil você ter uma baixa e mudar tudo. Mas não foi o que aconteceu. Eu fui chamado de louco, mas acreditei muito no meu trabalho, tive apoio de gente que acreditou em mim também e dos meus fãs que nunca me abandonaram.

'Tive medo de perder tudo. Pensei: 'o que vai ser da minha vida?'', diz Belo sobre prisão
Seu primeiro CD (Desafio) dessa fase fez um grande sucesso, mas logo depois você foi preso por associação ao tráfico de drogas. Teve medo de perder tudo?

Tive medo de perder, sim. É um medo inevitável. Pensei: "O que vai ser da minha vida?". Mas isso só mudou porque me apeguei a minha família, tive fé em Deus e sempre tive fãs do meu lado. Não podia fazer show porque estava preso, fiquei dois anos longe dos palcos, mas ainda assim continuei a ser um dos cinco artistas mais tocados do país. Meus fãs ligavam e pediam as músicas nas rádios e sempre me deixaram em evidência. Já encontrei amigos que diziam que mesmo comigo preso, não conseguiam me superar, que lançavam disco novo, mas eu estava sempre nas paradas, às vezes, até na frente deles. Isso é muito bom de ouvir. Isso deu alicerce para minha carreira e me fez superar tudo o que vivi.

Chegou a sofrer retaliação de rádio ou gravadora quando foi preso?
Nunca sofri consequência nenhuma. Toquei em todas as rádios do Brasil. Falaria se tivesse sofrido esse tipo de preconceito. Acho que as pessoas souberam separar: “O que o Marcelo fez, não é problema nosso. Mas as músicas do cara, do artista, não têm nada a ver." A prisão foi uma coisa que não prejudicou ninguém, só a mim mesmo e a minha família. Se eu fui injustiçado ou não, ninguém sabe. As pessoas só vão saber quando eu publicar o meu livro e contar a minha verdadeira história. Mas não tenho mágoa de ninguém, agora é só alegria.

Além de não ter parado de tocar nas rádios, você também não parou de lançar CDs, mesmo preso. Como conseguia isso?
Sempre que vou gravar um disco, gravo sempre a mais. Agora mesmo, devo ter umas 40 músicas inéditas gravadas. Daí, conseguia sempre lançar CD novo, com material inédito e que virava sucesso.



Você falou do livro e também tem um projeto de lançar um filme biográfico. Quando pretende fazer isso?
O roteiro do filme vai ser baseado no livro da minha vida. Devo lançar o livro no final do ano, e o filme começa a ser rodado no ano que vem, com certeza. O livro vai contar a minha história desde os meus 10 anos até o presente momento. Isso é um direito meu, e ninguém vai me impedir que eu conte minha história. Quero fazer um lançamento diferente, uma coisa musical, já que vai ser a biografia de um cantor.

Cantor vai lançar biografia: 'Ninguém vai impedir de eu contar a minha história'
Você acha que a justiça foi mais dura com você pelo fato de ser uma pessoa pública?
Isso tudo vai estar no meu livro. É um segredo que guardo a sete chaves. As pessoas sempre perguntam se sofri preconceito, se fui beneficiado. Mas essas são as melhores partes (risos).

Recentemente foi aberta uma investigação em torno dos jogadores Adriano e Vágner Love, do Flamengo, para saber se eles tinham algum envolvimento ou haviam prestado algum favorecimento ao tráfico. Vê sua história se repetindo? Que conselho daria a eles?
Não posso falar nada sobre isso. Os dois são grandes amigos meus, e a única coisa que posso dizer é que eles têm um grande espelho para ver tudo o que aconteceu comigo. Isso é uma coisa que também vou colocar no meu livro, dizer se o cara pode ou não estar na favela, se pode ir ou não no baile funk e quais as consequências que pode sofrer com isso. Existe muita hipocrisia no país, um monte de coisa errada, e as pessoas não pegam tanto no pé. Agora, quando o cara é da comunidade, é da periferia, mas frequenta a favela, tudo fica mais difícil. Vou falar de como é difícil ser pobre e chegar a algum lugar.

Com a noiva Gracyanne Barbosa: viagem para a Disney e cuidados com a netaVocê tem um fã-clube muito fiel. Como fez para controlar essa mulherada quando se separou da Viviane Araújo e elas se dividiram em pró Viviane e pró Gracyanne?
Sou muito verdadeiro com meus fãs e sempre digo a eles o que está se passando, se estou bem ou não, e acho que meus fãs tem que gostar da minha música. Nunca deixei que eles se intrometessem na minha vida pessoal. Acho que não chegou a ter divisão, não. Tiveram umas mais brincalhonas no começo, mas passou logo. Quem gosta do Belo de verdade, quer ver o Belo feliz.

E o casamento com Gracyanne, sai ou não sai? Está enrolado a moça?

O casamento sai junto com os 10 anos de carreira também. Está no pacote das comemorações (risos).

Você virou avô recentemente. Como lidou com a ideia de ser avô aos 36 anos?
Fui pai muito cedo, aos 16 anos. O Paulinho, meu filho, teve a filha com 18. É muito gostoso ficar com a Ranei. Às vezes parece que ela é minha filha também, não consigo me encarar como avô (risos). A gente é apaixonado por ela, e a Gracyanne adora paparicá-la e puxa a orelha do Paulo Arthur, quando precisa. Ela toma mais conta dele do que eu. É supercoruja.

Fonte: http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL1584020-9798,00-BELO+FAZ+ANOS+DE+CARREIRA+SOLO+TIVE+MEDO+DE+PERDER+TUDO+MAS+AGORA+E+SO+ALEG.html